“Na Espanha e em Portugal,
no século dezesseis,
o Cordel, digo a vocês,
já não era algo de novo.
Pois o mesmo enfatizava,
estorias e expedições,
falava das tradições,
ligadas a cada povo.
As narrativas e estórias
na memória armazenadas,
de pai pra filho, passadas,
do que ficava pra trás.
Romances, guerras, viagens,
faziam parte das listas,
ou vitorias e conquistas,
ode a mitos regionais.
Bem antes do surgimento,
da imprensa e do jornal,
o Cordel era em geral,
a fonte de informação.
Os fatos mui relevantes,
ou passagens corriqueiras,
tinham, de qualquer maneira,
no Cordel, divulgação.”
Nascida no bojo de várias vozes e por vezes acompanhada de viola ou outro instrumento de corda, a poesia popular cantada, que hoje muitos chamam Cordel ou literatura de Cordel, ganhou graças em muitos corações da terra brasílica quando aqui chegou trazida vagarosamente no vai e vem das naus portuguesas.
Carregada de temas heróicos da cavalaria novelesca tradicional, próprios das crônicas medievais, esta arte era, inicialmente, reproduzida tal qual mandavam as convenções do gênero construídas em Portugal e na Espanha. Mas não foi preciso muito tempo para que o exotismo brasileiro e as frutíferas manifestações populares insurgentes tomassem conta dos assuntos tratados nestes versos.
Do sincretismo veio a originalidade: Pedro Malasartes, João Grilo, Papa-figo e uma centena de outros personagens folclóricos foram tomando forma na poesia e se espalhando no gosto do povo através de cantorias e apresentações públicas.
A tardia introdução da imprensa no Brasil contribuiu, para a sustentação deste processo nas raízes da oralidade. E quando esta “literatura” passou a ser impressa, sua solidificação começou a ocorrer: os versos foram escritos, editados, publicados e vendidos em folhetos .
Diante de todas estas transformações, abarcando um período histórico que vai desde o final do século XVII quando alguns trovadores trazem esta forma literária ao Brasil até o surgimento da imprensa no início do século XIX, os temas e valores desta arte poética mantiveram-se firmes aos contornos e entrelaces da tradição oral folclórica.
Um estudo que abarcou como corpus cerca de 7.000 folhetos de Cordel, realizado por Jerusa Pires Ferreira, professora da UFBA - Universidade Federal da Bahia – e publicado no livro “Cavalaria em Cordel”, aponta para um dado revelador: o Cordel canta de tudo, de amores a dores, do cangaço a guerras internacionais, mas, mesmo hoje em face a tantos temas, jamais perdeu um dos principais motes recitados e cantados pelos poetas – as histórias fantásticas da tradição oral.
O estudo também insere questões relevantes ao tema: por que personagens, paisagens e valores tão antigos, tão presentes nestas formas do imaginário popular, ainda resistem dentro de uma sociedade cada vez mais moderna e permeada de outras vertentes literárias? A resposta talvez esteja no prazer e na estética que esta forma de arte proporciona.
A verdade é que não se sabe por que o Cordel é o Cordel e nem por que as histórias, contadas por ele, são assim. O que se sabe é que para muita gente dá uma alegria danada ler e ouvir um folheto de Lampião, Padre Cícero, Mulher de Branco ou Saci. Basta apenas gostar.
Carregada de temas heróicos da cavalaria novelesca tradicional, próprios das crônicas medievais, esta arte era, inicialmente, reproduzida tal qual mandavam as convenções do gênero construídas em Portugal e na Espanha. Mas não foi preciso muito tempo para que o exotismo brasileiro e as frutíferas manifestações populares insurgentes tomassem conta dos assuntos tratados nestes versos.
Do sincretismo veio a originalidade: Pedro Malasartes, João Grilo, Papa-figo e uma centena de outros personagens folclóricos foram tomando forma na poesia e se espalhando no gosto do povo através de cantorias e apresentações públicas.
A tardia introdução da imprensa no Brasil contribuiu, para a sustentação deste processo nas raízes da oralidade. E quando esta “literatura” passou a ser impressa, sua solidificação começou a ocorrer: os versos foram escritos, editados, publicados e vendidos em folhetos .
Diante de todas estas transformações, abarcando um período histórico que vai desde o final do século XVII quando alguns trovadores trazem esta forma literária ao Brasil até o surgimento da imprensa no início do século XIX, os temas e valores desta arte poética mantiveram-se firmes aos contornos e entrelaces da tradição oral folclórica.
Um estudo que abarcou como corpus cerca de 7.000 folhetos de Cordel, realizado por Jerusa Pires Ferreira, professora da UFBA - Universidade Federal da Bahia – e publicado no livro “Cavalaria em Cordel”, aponta para um dado revelador: o Cordel canta de tudo, de amores a dores, do cangaço a guerras internacionais, mas, mesmo hoje em face a tantos temas, jamais perdeu um dos principais motes recitados e cantados pelos poetas – as histórias fantásticas da tradição oral.
O estudo também insere questões relevantes ao tema: por que personagens, paisagens e valores tão antigos, tão presentes nestas formas do imaginário popular, ainda resistem dentro de uma sociedade cada vez mais moderna e permeada de outras vertentes literárias? A resposta talvez esteja no prazer e na estética que esta forma de arte proporciona.
A verdade é que não se sabe por que o Cordel é o Cordel e nem por que as histórias, contadas por ele, são assim. O que se sabe é que para muita gente dá uma alegria danada ler e ouvir um folheto de Lampião, Padre Cícero, Mulher de Branco ou Saci. Basta apenas gostar.
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