terça-feira, 10 de novembro de 2009

Folheto no Fandel: Os atropelos do português

Para aprender português
É preciso ser capaz;
Eu tentei mais de uma vez,
Aprendi, não tento mais.
Minha voz ficando rouca,
Com as palavras na boca,
Lendo de frente pra trás.

Acento na última sílaba
É a palavra oxítona,
Caso seja na penúltima,
Passa a ser paroxítona;
Como contrário da última,
Sendo na antepenúltima,
Já é proparoxítona.

Exemplo de oxítonas
Atrás, feliz e amor
Acento na última sílaba
Observe por favor
Não dou a dica completa
Por ser um simples poeta
Nunca fui um professor.

Exemplos de paroxítonas:
Malha, carro, editora
Se caso você duvida
Desta mente criadora,
Faça o favor de estudar,
Ou então de perguntar
A professor ou professora.

Sendo proparoxítona
Fácil de exemplificar:
Ácido, oxítona, médico.
Três pra você se lembrar.
Precisa ficar atento
E colocar o acento
Na sílaba forte que há.

Uma palavra só pode
Ter dois tipos de acento.
Um tônico ou gráfico.
Confirma meu pensamento.
Eles tentam esclarecer,
Facilitam pra você
Um melhor entendimento.

Por favor, pegue a gramática,
Leia os livros também;
Não posso ensinar tudo
Sem ganhar um só vintém.
Pro papo não ficar longo,
Vamos falar no ditongo
E quantos ditongos ele têm.

Recebe acento gráfico
Todo ditongo aberto
Mas há sempre o crescente.
Por isso fique esperto,
Ligado, atento nos fatos
Pois há, também os hiatos
Rondando, sempre por perto.

Li num livro outro dia
Algo muito “incompreensivo”,
Dizendo: “a palavra afim
Pode ser substantivo.”
Só depois fui percebendo
No mesmo estava-se lendo:
É também adjetivo”.

Não é “aluga-se casas”
Que você tem que marcar;
Mas, sim alugam-se casas.
Se você tem pra alugar,
Cuidado rapaziada,
Essa língua é complicada
E pode nos enganar.

Pleonasmo é a ideia
De palavra repetida.
Subir pra cima é o exemplo
Que já te dou de saída.
Nem sendo muito macho,
Não dá pra subir pra baixo
Então é frase perdida.

New look, uísque e futebol
Vem lá do povo inglês;
Dança, chope, do alemão,
Detalhe vem do francês
Pizza, tchau e piano
Vêm do povo italiano,
Fiquem sabendo vocês.

Barbarismos são palavras
Que vêm lá do estrangeiro:
Abajur, pneu, chofer
São os exemplos primeiros.
Meu cordel em português
Vai descrever pra vocês
Num linguajar brasileiro.

Germanismo do alemão,
Galicismo do francês;
Hispanismo do espanhol,
Anglicismo do inglês.
Tudo isto é barbarismo
Ou então estrangeirismo
Usados no português.

Vamos deixar estes “ismos”
E falar de cacofonia,
Palavras desagradáveis
Que ouço no dia-a-dia;
Por incrível que pareça
Penetram na minha cabeça
Causando disritmia.

Por exemplo “ela tinha”,
“Por cada” que porcaria,
Olhe, outra “vez passada”,
Essa me causa agonia.
Vê se você não complica
E aí está a dica
Do que é cacofonia.

Cuidado com a gramática,
Vê se você a domina,
Só se usa crase antes
De palavra feminina.
Repito mais uma vez:
Zele o nosso português
Se não você o assassina.

A unidade de som
Que existe na fala humana
É chamada de fonema.
O poeta não te engana.
Há dois e bem desiguais:
Vocálicos e consonantais.
Esta é a dica, bacana.

Não espere só por mim,
Sou um simples incentivo,
Leia os pronomes do tempo,
Também os demonstrativos.
Para tudo melhorar,
Além de estudar,
Precisa ser criativo.

Esse termo “estrambólico”
Vê se tenta consertar,
O certo é estrambótico,
Eu digo e posso provar.
Vê se dá pra perceber
Não troque L por T,
Que desse jeito não dá.

Tanto faz fui eu que fiz,
Ou então, fui eu quem fez,
Cuidado com os atropelos
Que tem nosso português.
Quando eu fui estudante,
Não vacilei um instante,
Por isso falo a vocês.

Nunca diga “grandessíssimo”,
Vê se aprende a falar;
Gradíssimo já é o máximo
Não dá mais pra aumentar.
Não queira falar bonito,
Esse termo esquisito,
É só pra te complicar.

Haja vista é melhor
Que o termo “haja visto”,
Não tente falar bonito,
Vê se acaba com isto.
Pra quem não sabe falar,
Melhor é não enfeitar,
O que estava previsto.

Não diga “mais grande”
O certo mesmo é maior,
Leia o Dicionário,
Pra não cair na pior
Pra ter uma língua prática
É preciso ler gramática
Já dizia minha avó.

Em um português moderno
Apenas menos é usado,
Não se esqueça que “menas”
Já está ultrapassado,
Saiba você, nesse instante:
Pra ser um bom estudante,
Precisa estar preparado.

Mulheres que pensam bem
Não dizem “muito obrigado”,
O certo é “obrigada”,
Obrigado é errado.
Consertem o português,
Pois desse jeito vocês
Espantam seus namorados.

Em preposição, cuidado
No mim e também no eu,
“Isto é para eu comer”;
Vê se você entendeu.
Isto aqui é pra mim,
Com este chego ao fim,
Creio que já aprendeu.

Saiba que o verbo gostar
Exige preposição
Pra poder ser transitivo,
Tem que ter “de” na questão.
Pra coisa não complicar
É bom você estudar,
Eu desperto a atenção.

Existe o verbo partir,
Se partes, fico a chorar,
Calado, sofro esperando,
Olhando o verbo “voltar”.
E sonho te namorando,
Num abraço te beijando,
Com vontade de amar.

O “são” está corretíssimo,
E o “santo” também está,
Somente no masculino
Que podemos variar.
E vê se não adianta,
A santa palavra “santa”,
Somente santa será.

A vírgula esclarece
No seu local adequado,
Precisa saber usar.
Por isso tome cuidado
Garanto e não iludo:
Pois ela complica tudo,
Quando em lugar errado.

Sei que discurso direto
Reproduz o pensamento.
O indireto precisa
De um “que” sempre atento.
Veja só, meu camarada,
A língua é mais complicada
Que os caminhos do vento.

Autor: Costa Senna


Um comentário:

  1. Nossa achei o máximo olhar
    sou estudante de jornalismo,
    e é sempre bom relembrar
    regrinhas tão simples,
    porém que vem sempre a calhar.

    Acho que fiz um cordel, para poder ilustrar o meu grau de interesse, para poder se alastrar.
    Abraços
    Elaine de Castro-- Tw= @lancastro

    ResponderExcluir